China procede à maior desvalorização do yuan desde 1994

A China procedeu à maior desvalorização da sua moeda – o yuan – desde 1994, para que a respectiva taxa de câmbio acompanhe mais de perto as flutuações do mercado, informou o banco central do país.

O Banco Popular da China anunciou na terça-feira um corte de 1,9 por cento na taxa de câmbio diária de referência do yuan contra o dólar norte-americano. Esta é a maior desvalorização efectuada num só dia desde que a China uniformizou as taxas de câmbio da sua moeda em 1994.

Todos os dias, o banco central chinês fixa um valor médio de câmbio para o yuan face ao dólar norte-americano, permitindo à moeda chinesa valorizar ou desvalorizar num intervalo máximo de dois por cento a partir desse ponto de referência.

O banco central da China qualificou a medida como “um ajuste isolado”, sublinhando não existir actualmente “qualquer base para uma depreciação persistente” do yuan.

A partir desta quarta-feira, o banco central passará também a fixar o valor diário da taxa de câmbio tendo em conta “a taxa relativa ao fecho do mercado interbancário de divisas no dia anterior”.

De acordo com o Banco Popular da China, a alteração não só reflecte o aperfeiçoamento do processo de acompanhamento das flutuações do mercado, como também destaca a importância da procura e da oferta na formação das taxas de câmbio.

Embora as autoridades chinesas tenham qualificado a alteração introduzida como uma forma de dar mais espaço de manobra ao mercado na definição do câmbio, alguns analistas acreditam que a medida visa impulsionar a economia, cujo crescimento tem vindo a registar um abrandamento.

As exportações chinesas caíram em Julho 8,9 por cento em termos anuais, uma quebra bastante mais significativa do que os 1,5 por cento esperados por analistas contactados pela agência noticiosa Bloomberg.

Alguns analistas citados pela agência oficial chinesa de notícias Xinhua afirmaram que a nova medida poderá facilitar a eventual entrada do yuan no cabaz de moedas que integram os Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla inglesa) do Fundo Monetário Internacional (FMI) – uma hipótese que está a ser avaliada pelo organismo sedeado em Washington.

Em comunicado, o FMI mostrou-se satisfeito com a medida aprovada pelas autoridades chinesas, mas acrescentou que “a alteração anunciada não tem implicações directas nos critérios utilizados para decidir a composição do cabaz” de moedas incluídas nos Direitos Especiais de Saque.