Taxa de câmbio do yuan “sob controlo”: banco central da China

A flutuação da taxa de câmbio do yuan encontra-se “sob controlo” e o Banco Popular da China é “completamente capaz” de estabilizar o mercado, caso tal se revele necessário, afirmou um economista do banco central na quarta-feira, depois de a instituição ter decidido esta semana desvalorizar a moeda chinesa e ajustar a forma como a respectiva taxa de câmbio é calculada.

De acordo com a agência oficial chinesa de notícias Xinhua, Ma Jun falava aos jornalistas depois de o valor do yuan ter continuado a cair na quarta-feira.

O Banco Popular da China anunciou na terça-feira um corte de 1,9 por cento na taxa de câmbio diária de referência do yuan contra o dólar norte-americano. Esta é a maior desvalorização da moeda chinesa efectuada num só dia desde 1994.

Segundo explicou o banco central, os ajustamentos introduzidos fazem com que o sistema de formação da taxa de câmbio do yuan acompanhe mais de perto as flutuações do mercado, passando a ter em conta a taxa relativa ao fecho do mercado interbancário de divisas do dia anterior.

Alguns analistas expressaram dúvidas sobre se a desvalorização do yuan conduziria à depreciação concorrencial de outras moedas asiáticas, mas Ma Jun afirmou – citado pela Xinhua – que a China “não tem a intenção nem a necessidade” de dar início a um cenário deste tipo. O economista sublinhou ainda que a actual taxa de câmbio do yuan está “perto do equilíbrio”.

Citado pelo jornal oficial chinês China Daily, Zhang Yuzhong, Subdirector da agência de promoção do investimento do Ministério do Comércio da China, afirmou na quarta-feira que a depreciação do yuan irá aliviar a pressão sobre as exportações, enfrentada pelos fabricantes chineses. As exportações chinesas registaram em Julho uma queda anual de 8,9 por cento.

Já o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Armando Monteiro, citado pela agência de notícias Brasil, afirmou, também na quarta-feira, que a desvalorização do yuan não constitui um problema para o Brasil, dado que as relações comerciais do país com a China se concentram nas matérias-primas – uma área em que a competitividade do Brasil é “indiscutível”, argumentou o governante.

Armando Monteiro reconheceu que a depreciação do yuan pode dar aos fabricantes chineses vantagens na exportação de produtos para o mercado global, mas sublinhou que a moeda brasileira – o real – também se encontra numa posição competitiva, após uma desvalorização superior a 50 por cento nos últimos 12 meses.